
Conflito, fogos de artifício e uma viagem exaustiva: ex-goleiro revela os detalhes dos bastidores do último confronto entre Flamengo e Táchira na Venezuela.
Gilmar Rinaldi concedeu entrevista exclusiva ao Coluna do Fla
Por: Mônica Alves e Pedro Paulo Catonho
Após quase 35 anos, Flamengo e Deportivo Táchira (VEN) se reencontram. O único confronto anterior entre as equipes na Venezuela ocorreu em 18 de abril de 1991, quando o Flamengo venceu por 3 a 2 nas oitavas de final da Libertadores. Gilmar Rinaldi, que esteve presente naquele jogo no Estádio Pueblo Nuevo, onde o Flamengo jogará novamente nesta quinta (03), compartilhou detalhes exclusivos sobre os bastidores com o Coluna do Fla.
Na noite anterior ao jogo, torcedores do Táchira soltaram fogos em frente ao hotel do Flamengo. A provocação causou indignação nos rubro-negros, e um membro da delegação brasileira confrontou os anfitriões. Gilmar relembra que o hotel quase foi invadido.
— Eles soltaram muitos fogos perto do hotel, com carros fazendo barulho, tentando nos impedir de dormir. Um dos nossos diretores, Eugênio Onça, que tinha experiência como chefe de torcida, desceu para confrontá-los -, começou Gilmar, em entrevista exclusiva ao Coluna do Fla.
— Ele confrontou um deles na porta do hotel, resultando em uma briga. Tivemos que afastá-lo, praticamente fugindo do hotel. Eles voltaram em maior número, com mais carros, causando confusão e soltando fogos no local. Quando a torcida retornou, tentou invadir o hotel clamando “queremos el gordo”, referindo-se ao Onça -, acrescentou o ex-goleiro.
VIAGEM E JOGO
A distância entre Rio de Janeiro e San Cristóbal é de 4.628 km. Atualmente, o Flamengo viaja em voos fretados, mas há 35 anos, a situação era diferente. Gilmar Rinaldi relata as dificuldades enfrentadas pelo time na chegada ao estádio, devido à infraestrutura precária da Venezuela na época.
— A lembrança daquela viagem foi a dificuldade de chegar na cidade, com muito trânsito e engarrafamentos. A infraestrutura era precária, tornando o percurso ao estádio e ao hotel desafiador -, comentou antes de relatar a pressão da torcida no Pueblo Nuevo.
— O estádio estava lotado. Para eles, era um evento importante. A torcida pressionou muito. Começamos o jogo bem, marcando 3 a 0 (três gols de Gaúcho). Após isso, eles marcaram dois gols, criando tensão até o fim. Conseguimos segurar a vitória -, destacou Rinaldi.
OUTROS TÓPICOS
Além disso, na entrevista ao Coluna do Fla, Gilmar Rinaldi, campeão mundial com a Seleção Brasileira em 1994, compartilhou mais detalhes sobre o mata-mata de 1991 contra o Deportivo Táchira. Ele também comentou sobre o atual momento do time de Filipe Luís e elogiou o goleiro Agustín Rossi. Confira outros trechos.
POR QUE TÃO DIFÍCIL NA VENEZUELA E TÃO FÁCIL NO RIO?
(Nota de redação: após vencer por 3 a 2 no Pueblo Nuevo, o Flamengo derrotou o Táchira por 5 a 0 no Maracanã)
“A diferença entre os jogos foi o desgaste da viagem. A dificuldade de jogar era grande, o campo estava em más condições e, se não me engano, o técnico era Vanderlei Luxemburgo. Sofremos muito devido ao campo”.
UM ELENCO COM GILMAR, DJALMINHA, GAÚCHO, MARCELINHO CARIOCA, POR QUE NÃO GANHOU A LIBERTADORES?
(Nota de redação: após eliminar o Táchira, o Flamengo foi eliminado nas quartas pelo Boca Juniors-ARG)
“O futebol tem dessas coisas. A Libertadores era diferente, sem antidoping, sem VAR, o que tornava as partidas fora de casa difíceis. Essa geração ainda estava se consolidando, muitos subindo da base. Mais tarde, todos fizeram história no Flamengo ou fora, mas naquele ano não estavam totalmente estabelecidos no time”.
TRABALHO DE FILIPE LUÍS
“O time atual está muito bem, motivado, ainda sem enfrentar grandes desafios, o que é crucial para avaliar o trabalho do técnico e dos jogadores. O verdadeiro teste vem nas dificuldades. Vamos esperar para ver o que acontece, mas o time tem potencial para avançar até o fim. Filipe Luís possui experiência suficiente para conduzir o time nos momentos difíceis”.
AGUSTÍN ROSSI
“Rossi é um bom goleiro, destacando-se em momentos críticos. A grande qualidade de um goleiro é jogar bem sob pressão, não apenas quando o time está vencendo facilmente. Ele está à altura das expectativas do Flamengo”.
