
Do auge a um novo começo: o Botafogo e o balanço entre segurança e incertezas.
O Botafogo concluiu 2024 consolidado como uma força dominante no futebol brasileiro. Vencedor da Libertadores e do Brasileirão, o Glorioso reafirmou sua posição de destaque na elite do futebol nacional. No entanto, ao realizar uma renovação no plantel e adiar a contratação de um novo técnico além do esperado, começamos a nova temporada equilibrando certezas e incertezas. A continuidade seria o ideal, especialmente no comando técnico, mas a realidade traz novos desafios.
Renato Paiva está no comando da equipe há menos de um mês, um período insuficiente para aplicar plenamente sua metodologia, especialmente na ausência de jogos oficiais para testes mais abrangentes. No amistoso contra o Novorizontino, por exemplo, a equipe mostrou falhas táticas, algo natural dada a falta de ritmo competitivo. Como não se tratava de um jogo oficial, qualquer avaliação extrema – seja positiva ou negativa – é comprometida. Demandar intensidade máxima e foco em um amistoso antes de uma sequência de 19 jogos em dois meses seria como pedir para Prost desacelerar para Senna ultrapassar.
Mantivemos a base do time campeão de 2024, com nove jogadores chave. A principal característica daquela equipe era o jogo coletivo, com mais de 20 atletas marcando gols no Brasileirão. Nos momentos decisivos, o coletivo se destacou: Gregore, por exemplo, conhecido por marcar raramente, balançou as redes três vezes na reta final contra Bragantino, Palmeiras e São Paulo. Embora tivéssemos jogadores decisivos, o modelo sempre priorizou a força do grupo.
Esse será o principal desafio de Renato Paiva: encontrar soluções coletivas com as peças disponíveis nessa primeira sequência de 19 jogos. E o coletivo precisará ser ainda mais forte, pois perdemos um jogador desequilibrante como Luiz Henrique. Em 2024, Artur Jorge precisou improvisar neste período inicial, lidando com lesões frequentes e um elenco reduzido no ataque. Em determinado momento, o time contava apenas com dois pontas de origem – Luiz Henrique e Júnior Santos –, além de ficar sem atacantes, necessitando adaptar Tchê Tchê como meia-esquerda. Em outra ocasião, Kauê foi titular e marcou um gol.
Com a recuperação dos lesionados, mais tempo de trabalho para Artur Jorge e reforços na segunda janela, o Botafogo elevou seu nível e conquistou títulos. No Brasileirão, nas 12 primeiras rodadas, houve três derrotas; nas 10 seguintes, apenas duas; e, depois disso, a equipe não perdeu mais. O início da temporada pode trazer dificuldades, mas aprendemos da pior forma em 2023 que começar como um “coelho de São Silvestre” não garante sucesso. Em 2024, aprendemos da melhor forma que a arrancada ideal ocorre a partir de agosto. Para isso, o clube precisa ter objetivos claros neste começo de campanha:
• Brasileirão: Manter-se nas primeiras posições até a pausa para o Mundial de Clubes. Provavelmente disputaremos 11 rodadas antes da paralisação. Somar 20 pontos em 33 possíveis nos manterá no topo da tabela. Em 2024, mesmo com desfalques, permanecemos na disputa, com nosso rival da lagoa segurando a flanela da liderança.
• Copa do Brasil: O Botafogo jogará apenas uma fase no primeiro semestre, contra um adversário possivelmente de uma divisão inferior. A classificação para as oitavas de final, que ocorrem no segundo semestre, é essencial.
• Libertadores: A meta mínima é avançar às oitavas, mas liderar o grupo e fazer uma excelente campanha para garantir mando de campo nas fases decisivas será um diferencial. No ano passado, decidimos todas as fases fora de casa e, sinceramente, já esgotei minha cota de tensão em estádios adversários.
Thairo Arruda, em uma entrevista recente, destacou que a comparação do elenco atual deve ser feita com os 23 jogadores relacionados para o início do Brasileirão passado, considerando que ainda teremos a janela de transferências do meio do ano. Minha opinião pessoal é que temos um elenco promissor, mas a ausência de um meia criativo e mais experiente neste momento é um ponto de atenção. Entretanto, como Thairo lembrou, cinco titulares da final da Libertadores chegaram apenas no segundo semestre. A SAF do Botafogo tem como característica assumir riscos e, nos últimos três anos, colhemos grandes bônus, mas também enfrentamos ônus, como em 2023.
Que em 2025, voltemos a ser a maior certeza do futebol do continente.
Abaixo a comparação entre os elencos como Thairo Arruda sugeriu: